Tabagismo e alcoolismo ainda são os principais responsáveis pelo câncer de boca

5 de dezembro de 2016

Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que em 2016 serão diagnosticados 15.490 novos casos de câncer de boca, sendo que 11.140 em homens e 4.350 no sexo feminino.  O câncer de boca inclui tumores dos lábios, língua e assoalho da boca, gengivas, bochechas, palato duro.

paola-pedruzziA médica do Departamento de Cirurgia Oncológica do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), Paola A. G. Pedruzzi, conta que o fumo e o consumo excessivo de álcool são os principais fatores de risco para o desenvolvimento desse tipo de tumor, principalmente em homens acima dos 50 anos de idade. “A falta de higiene bucal e a uma alimentação pobre em vitaminas e minerais também são fatores de risco para o câncer de boca. Fatores genéticos também devem ser observados, principalmente quando há casos na família. O HPV (papilomavírus humano) é outro agente etiológico que pode desenvolver o câncer de boca e é transmitido, pelo que se conhece até o momento, por contato direto da mucosa e pele, incluindo via sexual. No câncer do colo do útero está sempre presente, enquanto que, nos tumores da cabeça e pescoço, em grande parte dos pacientes, não está presente e não é o agente causador da doença.

O papilomavírus humano (HPV) é um vírus DNA que apresenta tropismo por células epiteliais, causando infecções na pele e nas mucosas. A replicação do HPV ocorre no núcleo das células escamosas e o seu ciclo de vida é diretamente relacionado ao programa de diferenciação da célula hospedeira. Até o momento, foram completamente caracterizados cerca de 100 tipos diferentes de HPVs e há um grande número adicional de tipos ainda não sequenciados. Além de ser o responsável por lesões benignas de pele e mucosas, o HPV também está envolvido no desenvolvimento de diversos tumores cutaneomucosos: doença de Bowen, cânceres de pele não melanoma, carcinomas genitais e carcinoma da cabeça e pescoço, principalmente os tumores das amigdalas (tonsilas).  A importância do HPV é muito maior para tumores da orofaringe do que para os tumores da boca.

Os sintomas mais frequentes são feridas na boca que não cicatrizam por mais de 15 dias, manchas vermelhas ou brancas e sangramentos sem causa conhecida. As pessoas que utilizam próteses dentárias também devem ficar atentas aos machucados que podem aparecer, principalmente em próteses antigas mal adaptadas. Outros sinais de alerta são: nódulos no pescoço, mau hálito, alterações na voz, rouquidão, dor ou dificuldade de deglutição.  “As campanhas de prevenção ajudam na conscientização das pessoas, fazendo com que busquem um especialista na presença de qualquer sintoma”, ressalta Paola Pedruzzi.

O tratamento para o câncer de boca inclui a cirurgia. Alguns pacientes necessitam ainda complementação do tratamento com radioterapia e quimioterapia. A escolha do melhor tratamento será de acordo com a localização do tumor, doenças associadas, condição clínica do paciente, estadiamento da doença (classificação utilizada para mensurar a extensão do tumor, planejar o tratamento e definir o prognóstico), etc. Segundo a especialista, “Quando o tumor é precoce, normalmente utilizamos somente uma modalidade de tratamento. Quando a doença é avançada, há necessidade de associações de tratamento, o que torna o tratamento mais longo e, devido à extensão do tumor, com maiores sequelas, como alteração na fala, deglutição e voz. Por esse motivo, o diagnóstico precoce é importante, pois possibilita sequelas menores da doença e maiores taxas de cura”.