Recentemente, a especialista em Oncologia Clínica do IOP, Dra. Rosane do Rocio Johnsson, participou de um encontro científico sobre tumores femininos, em São Paulo. Neste artigo, entenderemos sobre os efeitos no tumor de colo de útero e as recentes atualizações de medicamentos.
Na ocasião, foram apresentados estudos que mostram um agente biológico associado com quimioterapia em protocolo de tratamento.
O principal objetivo é aumentar a taxa de sobrevida depois da recidiva e metástase para o Câncer de Colo de Útero.
Dados sobre o tumor de colo de útero
Essa doença é um dos tumores ginecológicos mais frequentes do mundo.
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que foram diagnosticados 15.590 novos casos em 2014 no Brasil.
Além disso, é considerado o terceiro mais frequente entre as brasileiras, atrás do câncer de mama e do colorretal.
“Devido aos altos números, é fundamental que as mulheres se preocupem com a prevenção da doença e evitem os fatores de risco”, analisa a oncologista.
Da infecção pelo HPV
A infecção genital pelo Papilomavírus Humano (HPV) é muito frequente entre o sexo feminino, e é um dos fatores de contaminação que causa o tumor de colo de útero.
Além disso, existem duas vacinas licenciadas disponíveis para prevenir muitos tipos de HPV relacionados ao câncer do colo do útero.
O encontro em São Paulo ainda foi de extrema importância para ampliar as chances de cura e remissão do tumor.
Novas fontes de esperança de tratamento e cura
Durante o evento, foi abordado sobre o uso dos medicamentos Paclitaxel e Cisplatina com ou sem Avastin, e Caclitaxel e Topotecano, com ou sem Avastin.
Os resultados mostraram um aumento na sobrevida global de 16,8 meses no grupo tratado com quimioterapia em combinação com Avastin.
Em contrapartida, foram 12,9 meses para o grupo que recebeu apenas quimioterapia.
“A aprovação do medicamento Avastin, associado à quimioterapia, possibilita um grande avanço no tratamento de recidivas e metástase de pacientes portadoras de câncer de colo de útero no seu quadro mais avançado, aumentando a eficácia e as taxas de respostas da paciente”, diz a oncologista.
A segurança e a eficácia do Avastin foram avaliadas em um estudo clínico que envolveu 452 participantes com câncer persistente, recorrente ou doença em estágio avançado.
“O Avastin funciona interferindo com os vasos sanguíneos que alimentam o desenvolvimento de células cancerígenas. A nova indicação está aprovada para utilização em combinação com as quimioterapias”, afirma Dra. Rosane.
Sobre os efeitos colaterais
Quando surgem novos medicamentos a primeira dúvida é sobre os efeitos colaterais. A Dra Rosane ainda ressalta um ponto importante sobre esse ponto.
“Os efeitos colaterais mais comuns associados com o uso de Avastin em pacientes com câncer cervical incluem fadiga, diminuição do apetite, pressão arterial elevada (hipertensão), aumento da glicose no sangue (hiperglicemia), diminuição de magnésio no sangue (hipomagnesemia), infecção do trato urinário, dor de cabeça e diminuição do peso. As perfurações do trato gastrointestinal e as aberturas anormais entre o trato gastrointestinal e a vagina (fístula enterovaginais) também foram observadas em pacientes tratados com Avastin,” diz.
Benefícios para pacientes de câncer de mama
A cada ano a doença atinge mais de 57 mil mulheres no Brasil, de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
E o que reforça o sinal de alerta é que cerca de 50% dos casos são descobertos já em estágio avançado ou metastático.
Atualmente há cerca de 250 mil pessoas em todo o mundo vivendo com câncer de mama avançado com metástase para outros órgãos.
A importância do diagnóstico precoce
Enquanto as pacientes com a doença em estágio inicial podem ser curadas, 3 a cada 10 mulheres desenvolverão a forma avançada e permanecerão em tratamento até o final de suas vidas.
Além disso, durante o encontro também foram apresentados os avanços para tratar mulheres com câncer de mama metastático, para as pacientes que apresentam o Her2 positivo, uma das formas mais agressivas do tumor.
Foi também apresentado o estudo CLEOPATRA, que tratou mulheres com câncer metastático Her2+, sem tratamento prévio da doença metastática.
O que alocou metade das mulheres para tratamento com Trastuzumabe e Docetaxel (o padrão internacional), ou Trastuzumabe, Docetaxel e Pertuzumabe – outro tipo de terapia anti-Her2.
A análise final desse estudo, avaliando a repercussão na sobrevida das pacientes, revela que a mediana de tempo de sobrevida das mulheres que receberam o padrão de tratamento (Docetaxel e Trastuzumabe) foi de 40,8 meses.
Já as mulheres que receberam também a medicação Pertuzumabe tiveram uma mediana de sobrevida de 56,5 meses.
Ou seja, a adição do Pertuzumabe ao Trastuzumabe e Docetaxel proporcionou 15,7 meses a mais de vida a essas mulheres.
O tratamento não trouxe aumento nas toxicidades e foi extremamente bem tolerado.
Dos resultados complementares
Se compararmos então esses 56,5 meses de sobrevida com o tratamento somente com quimioterapia (que são apenas 22 meses de sobrevida mediana), as pacientes com câncer de mama metastático Her2+ devem ser tratadas obrigatoriamente com uma terapia que inclui um anti-Her2”, ressalta Dra. Rosane.
Outro benefício para as mulheres é a melhoria dos diagnósticos moleculares para câncer de mama.
As amostras de biópsia de tecido mamário são analisadas no laboratório para determinar a presença do câncer de mama e a que tipo pertence.
Alguns testes de laboratório podem ser realizados para determinar a rapidez com que um câncer evolui e, até certo ponto, quais tratamentos são susceptíveis de serem eficazes.
A oncologista do IOP ressalta a importância de conhecer o perfil molecular dos pacientes, pois o estudo detalhado possibilita que o tratamento seja mais assertivo e que cada paciente tenha um atendimento direcionado e preciso com a medicina de terapia oncológica de precisão.
“Os avanços na área oncológica crescem diariamente, fazendo com que assuntos que antes eram vistos como sonhos para o futuro virem realidade com o passar dos anos. Hoje os pacientes devem acreditar que para muitos tumores existem taxas de respostas, trazendo com isso maior qualidade de vida. Espera-se que com essas novas formas de classificação da doença os médicos possam definir e individualizar o tratamento do câncer de mama”, finaliza.
Texto por: Instituto de Oncologia do Paraná – IOP



